No final de Setembro/12, participei de um Seminário na USP de Fenomenologia e Psicologia em Edmund Husserl e Edith Stein. Com a ilustre presença da Profª Angela Ales Bello, filósofa italiana e grande conhecedora da fenomenologia de Husserl. Fundadora e diretora do Centro Italiano de Pesquisa Fenomenológica, com sede em Roma.
Seguem alguns dos pensamentos expostos para nossa reflexão:
Nossa psique possui alguns estados, que são denominados como estados vitais. Por exemplo, o cansaço. Mas o que me faz ser um ser transcendente é ter consciência dos meus estados vitais. Eu posso estar cansada e não ter consciência disso. Vem alguma pessoa, me observa e me pergunta: “Você está cansada? Está com uma olheira, um pouco distante…?” E desta forma eu tomo consciência do meu estar cansada.
Se me percebo viva, tenho consciência, não me engano sobre o conteúdo de me sentir viva; a consciência é sentimento vital, sentir meu estado vital!
– REFLEXÃO: Eu me dou conta de meus estados vitais? Ou eles simplesmente acontecem?
Pois o que importa é ter consciência. Quanto mais consciente eu estiver, mais livre sou!
Por exemplo, eu posso estar muito cansada, trabalhando muito e com poucas horas de sono, descanso e divertimento. Se estiver em um contexto que estão acontecendo coisas que eu não esperava, diferente da minha vontade, eu posso começar a me sentir irritadiça, ou até com raiva, desta forma, expressarei estes sentimentos com outro tipo de comportamento em relação a mim mesma e aos outros. Porém, se eu tiver a consciência do meu cansaço, eu tenho o poder de mudança em minhas mãos. Eu posso fazer algo a respeito disso, eu posso cuidar de mim e me proporcionar um período de descanso. É uma escolha que poderei fazer e alterar todo o curso de meus futuros comportamentos e sentimentos. Mas antes de tudo, preciso da consciência!
Muitas vezes, uma patologia acontece por ausência de consciência dos meus estados psíquicos. Por isto da importância em se conhecer e se perceber.
A psique tem um fluir, não previsível e não determinável; apesar de existir relações causais entre os estados psíquicos, a força vital e a vida psíquica são livres!
Por esta visão, o ser humano tem inteligência e vontade livre, porém nem sempre usa isto!
A vivência da nossa consciência pode ser direcionada para dentro de nós e para fora, que recebe o nome de consciência de dados egológicos e consciência de dados não egológicos. A consciência é a possibilidade que temos de registrar o que está dentro e fora de nós.
– REFLEXÃO: O que é mais fácil de termos consciência? Daquilo que está dentro ou fora?
Captamos de forma mais fácil o que está fora, porém o que compreendo melhor é o que está dentro. Exemplo: quando tenho consciência de que estou cansada, eu não tenho dúvidas disso. E eu posso “pressupor” que o outro está cansado, mas não há certeza nisso.
A força vital é o fio que liga todos os estados vitais. Todo o fluir da consciência é o que dá sentido da nossa temporalidade. O tempo está dentro, é o fluir e a concatenação dos estados psíquicos que tenho consciência. É daí que tenho a minha historicidade.
– REFLEXÃO: Como quero construir minha história e minha temporalidade? Qual a qualidade de estados vitais que quero ter? Do que tenho me alimentado para conseguir isto?
Marcela Jacob
Frases de Edith Stein:
“O que conhecemos de nós mesmos não é senão superfície. A profundidade permanece-nos em grande parte oculta. Só Deus a conhece.”
“Tudo depende do amor, pois no fim é pelo amor que seremos julgados.”
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