Sinto que temos uma visão muito individualizada ainda...
Atendi alguns casos recentemente, e uma semelhança entre eles foi a fala: "se o outro que me vê sofrendo não sabe o que falar, fique quieto, é menos pior"!
- uma pessoa que perdeu um ente querido, recebe do outro: "meus pêsames"! E fala: "Eu preferia que me falasse de momentos bons que teve com ela, talvez eu sentisse mais o sentimento mesmo da pessoa. Não me olha com olhar de vítima! Esta é a pior coisa"!
- uma pessoa com sofrimentos psíquicos, escuta do outro: "isso é falta de fé"! Ou "vc deveria ir ao meu médico". E ela pensa: "eu já tenho meus médicos, se quisesse algum palpite pediria".
- uma pessoa deprimida me fala que só pode conversar de verdade comigo, porque sente que todos de sua família e trabalho vão chama-la de folgada e exagerada em sua emoção.
O sofrimento é uma experiência individual, considero a vulnerabilidade e peculiaridade de cada uma destas situações citadas, mas isso me fez pensar em termos mais amplos sobre nossas relações:
é responsabilidade do outro saber o que você quer escutar ou receber?
Cada um é de um jeito... Mas minha reflexão hoje está no nosso ego!
Mostram um lado muito auto referenciado, como se a obrigação do outro fosse adivinhar o que ela precisa ouvir, viver e agir conforme ela pensa que é correto.
Será que os outros têm esta obrigação mesmo?
Olhamos pouco para o outro como outro, como alguém que tem sua vida, seus dilemas, seus sofrimentos (porque não existe vida perfeita)?
Escutei outra pessoa reclamando da caixa do supermercado que não sorriu para atende-la ou do faxineiro que não limpou direito.
Mas será que estes mesmos ego' s se dedicam a trabalhar bem apenas para o outro se sentir bem?
Marcela Jacob
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